terça-feira, 14 de outubro de 2014

Pode deixar de usar a blusa com estampa que eu fiz pra você, apagar as fotos da nossa festa e devolver os livros do Stephen King que eu te emprestei. Trocar de cerveja favorita e banda favorita, fui eu quem te apresentou as duas mesmo. Esquece do primeiro filme que a gente viu junto e não me esquece, menina. Vai, sai pra dançar que eu sei que você gosta e deixa de usar aquele batom vermelho que eu gosto tanto. Deixa também de falar comigo por um tempo, finge que não me conhece mais e pode apagar todas as músicas que eu mandei pra você, só não esquece de mim, tá? Joga fora minhas coisas que ficaram por aí, meus planos também. Não atende minhas ligações nem retorna as minhas mensagens. Lista meus defeitos pras suas amigas, elas nunca gostaram de mim mesmo, diz que elas tavam certas o tempo todo. Pode passar a achar sem graça o jeito que eu te chamava também, meu único pedido é que você se lembre de mim. Todas as coisas que eu escrevi pra você, essa inclusive, pode deixar pra lá. Pode ficar com os ingressos pro show do Arctic que a gente foi e com os meu sorrisos, guarda com carinho para eu poder ir buscar depois. Esquece do nosso cadeado na Pont des Arts, mas lembra de não me esquecer. É que eu já não sei de mim e se você me esquecer também eu perco a minha referência. Lembra de não me esquecer porque. Porque sim. Apesar de ter perdido o mapa eu ainda tenho uma bússola pra mostrar aonde eu preciso ir. E o meu norte sempre foi você. Texto de Douglas Cordare

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