quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Cinza e o céu

Os pés arrastam-se mecânicamente um após o outro em meio a multidão. Não há riso. Não há brilho no olhar. Apenas pés se arrastando. Em volta não vejo sonhos, não vejo esperança. Vejo apenas pés se arrastando.

Experimento essa asfixiante sensação de estar preso numa gravura monocromática. Mas há um fio de céu em meio a esse cinza. Um fio de céu que tange de cor todo esse tédio, como se zombasse de mim. Ele me tenta...

Me tenta a quebrar todo esse tédio e viver como criança. A arrancar os incômodos sapatos e a correr de olhos fechados pela vida. Correr apenas para sentir o chão sob meus pés e o vento a tocar meu rosto. Correr sem saber porque nem para onde.

Ah, maldito céu que me tenta! Me tenta pois sabe que talvez só assim eu consiga me enganar... Sabe que apenas sendo criança, quando o fim chegar, eu talvez não perceba que nada disso existiu.

O Elogio a Loucura

Ela vem, com seu doce aroma a se espalhar por todos.

Ela chega, e cofiem em mim ela sempre irá chegar até ti, lógico que entre nos meros humanos sempre haverá aqueles felizardos que a encontraram mais vezes, vide os próprios poetas que perdidos entre sua nebulosa presença se deliciam com tais vislumbres da verdade sublime, sim existe tal verdade sublime, e há lugar melhor para vislumbrá-la do que a beira da loucura?

Felizardos aqueles que percebem tão querida presença, pois é, ou vocês haveriam de discordar da felicidade daquele pobre senhor da sua esquina que está louco por paixão? Ou de seu sorriso iluminado pela loucura do amor? A loucura meus amigos têm o dom de imperar em todos os momentos, pois na verdade felizes são os gênios que conseguiram a ter como amiga, pois a loucura ao contrario da maioria dos Deuses espalhados pelo mundo não é o Deus do não, mas sim do por que.

Porém entre todas facetas desse incontrolável sentimento terei eu a obrigação de agradecer por um sentimento... A singularidade. Pois graças a tal faceta poderemos finamente gritar a todos os pulmões “seremos todos loucos, mais nunca seremos todos iguais”, pois meus caros a loucura é aquilo que nos diferencia, é a visão turva de uma mesma cor, ou a reação sempre adversa a tudo do que é esperado, e como uma grande criança ela acaba por debochar do tédio dessa vida já corrompida pela monotonia sempre com um belo sorriso em sua fase.

E assim entre essas pobres palavras me despeço desse tão humilde manifesto, grato é lógico por ter tido a loucura de sonhar, sonhar em um dia ter poder me deliciar com a presença de tal companheira. Pois se é loucura ser louco, imagine a verdade loucura que é ser normal.